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Crônica - O cacau na novela Renascer - Manoel Messias Pereira

 


O cacau na novela Renascer



Mais uma vez a rede Globo de televisão, faz uma reelitura da novela Renascer com novos elencos, agora com mais afro descendente e de forma correta pois estão focando no Estado da Bahia. E traz como pano de fundo a plantação do cacau, do manejo, trazendo o personagem Zé Inocêncio o fazendeiro que montou o seu império pela plantação, extração e o preparo do fruto para a industria.Mas creio que essa é uma obra de arte focada também na cultura popular, na violência e na contradição do sistema e que merece ser apreciada.

Essa novela tem todo um trama que traz para a realidade da zona cacaueira e ainda fala do problema como da vassoura de bruxa que é uma prga causada pelo fungo moniliophthora pernicioso que afeta as àrvores de cacau e capuaçu. Endemico da região amazonica, e a doença ataca as plantas e vários estágios, desde a planta nova no início até mesmo ela já adulta.

Além dessa doença bem abordada na novela, ainda ontem vi que na África principalmente em Gana, os cacaueiros sofrem com a infecção de um virus chamados de virus do botão inchado, conforme informou Joseph Aidoo do Conselho do Cacau de Gana à Reuters à margem de uma Conferencia em Bruxelas-Belgica.

Sendo que Gana é o segundo maior produtor de cacau do mundo, e a neste momento há uma ameaça a produção do cacau e assim como o seu fornecimento e de 100 mil hectres de plantação infectados, deixando mais de neio milhão de hectares por tratar.

E embora pelo Banco Africano de desenvolvimento, tenham arrecadado em 2020, 350 milhões de dolares, para fazer face ao surto, foi obtido um emprestimo de 100 milhões de dolares ao Banco Mundial no ano de 2023, sendo esse dinheiro insuficiente e se estima que entre 17 a 20 % da área total de plantação do cacau daquele país está afetada.

Assim como a vassora de bruxa, que segundo recordo na primeira versão da novela tratava da importação da praga, que complicava a vida dos cacueiros brasileiros. Já nesta nova versão não percebi essa preocupação. Fala da doença como algo que dezimou outras propriedades.

Outro fator que estive observando numa recente reportagem é que o índice elevado da doença, limita o grau de recuperação da colheita em Gana, e ainda sublinha -se o fato do fenômeno El Niño ter passado o que dá uma certa esperança para aqueles agricultores.

Outro fato importante a falar sobre essas questões é que falamos do cacau no Brasil na região amazônica e também da África, li certamente numa reportagem que o cacau vei de Mandagascar-Africa, porém começou a ser domesticado na América do Sul e mais precisamente na Amazonia. E anteriormente acreditaram muito tempo que esse era um produtor provindo do México e da Guatemala, porém o que sei é que um arqueólogo chamado Francisco Valdez publicou um estudo mostrando que a mais de 5 mil anos há cacau na região amazônica equatoriana e esse é o registro mais antigo. Cujo os povos Mayo Chinchipe, indigenas do Equador foi quem iniciou a pratica. Embora a Bantu chocolate disse que a África foi o país originário e que  foram trazidos pelos portugueses. Bem isto tudo é polêmica. E fica registrado.

Quando olhamos para o Brasil, vemos hoje a agricultura familiar plantando cacau, e juntamente com esse fruto há também plantação de hortaliças e outros graos. E esses produtores mo Movimento assentados, ex-sem terra, faz vendas direta no Programa de Aquisição Fedral PAA, e no programa Nacional de alimentação Escolar - PNAE, É a liberdade sendo construída a partir da luta pela terra. E em Ibirapitanga 150 pessoas vivem da produção do cacau e além disto do respeito entre trabalhadores tendo a exata noção de comunidade. Ou seja comum unidade.

Porém com todo o progresso visto, temos observado que em 2020 foram resgatados trabalhadores trabalhadndo em condições análogas a escravidão. Porém eu apenas destaco o filme documentário feito por Anelise Moreira no site do MST, datado de 17 de janeiro de 2022. E esse filme-cocumento chamado de Dois Riachões, Cacau e Liberdade no Brasil em que Edvaldo dos Santos, conta que o aô dele trabalhou nas roças de cacau, mas que nunca comeu chocolate mas o coronel dono das roças a esse sim.

Voltando a novela, creio que essa obra de arte da dramaturgia brasileira, muito bem escrita por Benedito Rui Barbosa, e que foi inclusive agraciado com uma comenda oferecida pela Apeoesp Sindicato dos Professores da rede pública do Estado de São Paulo na outra versão pela personagem da professorinha, que foi inclusive interpretada pela atriz Leila Lopes na versão de 1993,  que veio a falecer  em 3 de deambro de 2009 por suicídio. Na versão de 2024 a professora Lu é Eli Ferreira, uma personagem que faz uma professora até certo ponto equilibrada, porém não há um foco nos seus métodos de ensino ou preocupação com esse ou aquele ser apreendente. Nem um sinal de que mestre é aquele que de repente também aprende, ou seja a lição quotidiana da sala de aula.

Porém essa obra dramaturgica possibilita-nos cercar de informações, que vai do campo da arte dramática, e mergulhar num campo histórico, politico, econômico, sociológico e isto é um certo enriquecimento na TV brasileira. Parabenizo ainda Edimara Barbosa e Edilene Barbosa, com o tema de abertura, assim como o trabalho musical utilizado destes compositores gigantes como Victor Martins, Ivan Lins e Aldir Blanc(in memória) uma bela homenagem. Brocato e Confins. 

Embora a população assiste a novela  porém fica distante quando falamos da arte dramatica, musical, do cenário, da produção coisas que podemos observar com atenção. E acertamos em entender que essa é uma obra de arte possibilita-nos ampliar a nossa conversa. Mantenho lá na casa de minha finada mãe, no quintal um pé de cacau, que faz uma  ponte entre a realidade hoje e uma eterna saudade dela.


Manoel Messias Pereira

professor de história, jornalista e poeta

São José do Rio Preto -SP. Brasil





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