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Crônica - Os 72 anos de nascimento de Ana Cristina César - Manoel Messias Pereira

 




Os 72 anos de nascimento de Ana Cristina Cesar



Hoje dia 2 de junho de 2023, é o dia que Ana Cristina Cesar completaria os seus setenta e hum anos. Ela que nasceu no Rio de janeiro e criou-se entre Niterói, Copacabana e os jardins do velho Bennett. E ela que experimentou o jornalismo, trabalhou na Record, na Globo, na Isto é , na Revista Veja, além de escrever em revistas e jornais alternativo, Viajou pelo mundo saiu na antologia da Heloisa Buarque, publicou pela Funart pesquisa sobre literatura e cinema, fez mestrado em comunicação. Descobriu São Paulo, com o seu olhar poético.

E setembro de 1983, lançou o seu último livro,  "a teus pés" outros que vieram foram  de seus texto pós mortem. E dia 29 de outubro de 1983 ela vai suicidar-se.

E destaquei um fragmento de sua escrita de seu último livro página 87,  "My Dear,/ Chove a cântaros. Daqui de dentro penso sem parar nos gatos pinados. Mãos e pés frio sobre o controle. Noticias imprecisas, fiquei sabendo. É de propósito? Medo de dar bandeira ? Ouça muito Roberto: quase chamei você mas olhe pra mim mesmo etc. Já tirei as letras que você me pediu.

O dia foi laminha. Célia disse: o que importa é a carreira, não a vida. Contradição difícil. A vida parece laminha e a carreira é um narciso em flor.

O que escrevi em fevereiro é verdade mas vem junto drama de desocupado. Agora fiquei ocupadíssima, ao sabor dos humores, natureza chique, disposição ambígua (signo de gêmeos).

Depois que desliguei o telefone me arrependi de ter ligado, porque a emoção esfriou com a voz real. Ao pedir a ligação, meu coração queimava. E quando a gente falou era tão assim, você vendo tv e eu perto de bananas, tão sem estilo (como nas cartas). Você não acha que a distância e a correspondência alimenta uma aura ( um reflexo verde na lagoa no meio do bosque)?

Penso um pouco no Thomas. Passou o frio dos primeiros dias. Depois, desgosto: dele, do pau dele, da politica dele, do violão dele. Mas não tenho mexido no assunto. entrei de férias. Tenho medo que o balanço acabe. O Thomas de hoje é muito mais velho do que eu, não liga mais, estuda, milita e amor na sua Martinica de longos peitos e dente perfilados, tanta perfeição.

Atraída pelo português de camiseta que atendeu no Departamento Financeiro. Era jacaré e tinha bigode de pontas. Ralhei com tesão que me deu uma dor puxada.

Só com a visita de Cris que me dei conta que batizei a cachorra com o nome dela. Tive discreto repuxo desembaraço quando gritei com Cris que me enlameava o tapete. Cris fugiu mas Cris não percebeu (julgando talvez homenageada). Gil por sua vez leu como sempre nos meus lábios e eclatou de riso típico umidificante.."

Porém na página 23 consta "Atrás dos olhos das meninas serias" "Mas poderei dizer-vos que elas ousam? Ou vão por injunções muito mais sérias, lustrar pecados que jamais repousam?"

Conclusão - Observo que uso esse expediente apenas como homenagem a essa moça que aos 31 anos de idade, ligou para um amigo dizendo estar emparedada e que precisava voar e saltou do prédio. Ana Ciristina  Cesar é filha do sociólogo Valdo Aranha Lens Cesar e Maria Luiza Cruz, o Valdo que todos nós conhecemos que foi preso pelo DOPS e ficou incomunicável por quase uma semana, em fevereiro de 1967. E quando da publicação do Ato n.5, escondeu por três meses num sitio em Rezende juntamente com Lysâneas Maciel de Luiz Eduardo Vanderlei conseguindo escapar da prisão mais uma vez. E  ele que faleceu em 3 de junho de 2007. Porém voltando a história de Ana Cristina para uns ela estava depressiva, para outros ela poeticamente levou a sério a sua poesia, e a sua morte foi o registro que eternizou-se num ato, de seu suicídio.

 O importante que essa moça de apenas 31 anos que eternizou na sua simplicidade, cultura e beleza. Se tivesse em vida estaria completando os 72 anos neste Século XXI, neste ano de 2024. Nesta retomada de sonhos depois de quatro anos de martírios de neofascistas, de uns aloprados que ocuparam o poder político no Brasil. Tão triste, quanto a saudade que sentimos AC, que voo para a eternidade. E deixou milhares de olhos lacrimados, por uma face austeria ou doce, mais chorosa.



Manoel Messias Pereira

professor

São José do Rio Preto -SP. Brasil







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