Pular para o conteúdo principal

Crônica - O Medo e a consciência - Manoel Messias Pereira

 






O medo e a Consciência



Que papel cumprimos a cada dia ? Sendo filhos, filhas, mulher, marido, homens, mulheres, sexuado assexuados, amantes, desamantes, amados ou desamantes, pessoas que percorrem as ruas, que frequentam escolas, que trabalham em fábricas em lojas, que rezamos, oramos ou não temos essas práticas. Que entendemos de algumas filosofias e que não entendemos outras tantas. Que pensamos em ser felizes mas nem sabemos o que consiste na felicidade.

E é nessa forma que ficamos cara a cara com o direito do bem-estar privado, da família e da sociedade civil. Sendo que o filósofo Friderich Engels dizia que o Estado é a necessidade externa em que há um poder superior cuja a natureza esta ela subordinada. e assim surgem as leis a seus interesses. que são interesses particulares dos indivíduos. E assim como a opinião filosófica considera a parte na suas relações com o todo, foi encarada principalmente pelo filósofo francês  Montesquieu.

Portanto o nosso papel nesta sociedade de cunho capitalista é exatamente, consolidar essas leis, essas conjunturas, e esse Estado é que está a serviço destas famílias, que conseguem unir o público com o privado. E nós que não possuímos esse poder participamos apenas acreditando na ilusão de que essa elite poderosa nos representam, e somos usados como uma massa de manobra, pra eleger e sofrer. Pois o capital não faz parte de nosso convívio, o alto faturamento não percorre o holerite da classe trabalhadora, e o grande capital  não está nos serviços públicos prestados a nós trabalhadores, embora estejamos num país rico considerada a 6a. economia do mundo e observem que a educação que nos apresentam como pública, laica, de qualidade é simplesmente deficitária, há no Estado mais rico da federação da República Federativa do Brasil, que é São Paulo, salas de aulas superlotadas, que inviabiliza o profissional da educação ter um trabalho qualificado para esses alunos, além infra-estruturas inadequadas, por exemplo a escolas construídas em cidades como São José do Rio Preto -SP, em que há um calor de aproximadamente 40 graus mas que não há sequer um ventilador, fazendo a escola como se fosse um forno ou campo de concentração nazista, já em são Paulo, houve escolas sem água. Imagine banheiros usados por mil, mil e quinhentos alunos sem limpeza, além da falta de funcionários pra limpezas em grande parte destas escolas, ou seja é uma carniça assada. 

Outro ponto é duas redes numa só a escola de tempo integral e as outras, totalmente diferente, como se estivesse o aluno privilegiado e o não privilegiado e fora isto essas escolas tem o professor com um perfil, ou seja a uma escolha de professor de forma excludente. Ou seja todos os professores desta escola não tem o cargo nela e sim cumpre uma função. E  temos em cada  início de ano o Estado informando que cortou verbas, da educação e da saúde de forma criminosa. Outrossim o que observamos hoje é a merenda escolar sendo essa enlatada e, servida para os filhos dos pobres que lá estudam. e observe que não há filhos de deputados, de senadores, nem de governadores, prefeitos nesta escola que eles alegam que é muito boa. Ou seja que é mentira, pois a família deles não estão submetidas a ela. E isto é uma grande sacanagem do sistema.

Se tocarmos na vida funcional destes trabalhadores, observamos que eles reivindicam 75,33% de aumentos salariais, pelo piso do Diesse para PEB -II, numa jornada de 20 horas, e já sabemos que o governo não vai dar isto, mas é preciso negociar. E já precisou ficarem parados quase três semanas de greve mas esse Estado não foi suficientemente sensível aos reclamos salariais da categoria e não conseguiram fazer nenhuma proposta.

 Outro ponto é o bônus que muitos dizem quem vive de bônus é telefone celular, o que em Portugal chama-se de telemóvel, os professores ainda pedem o Piso salarial nacional, pedem 25 alunos por salas, pedem pra reabrir as salas, para que acabe com a quarentena ou duzentena da categoria O. Pedem o atendimento do Iamspe a todos os professores independente da categoria. Solicitam a convocação de todos os concursados. Garantia de PCPs para todas as escolas de acordo com a resolução 75/2013, e por fim o fim do assedio moral nas unidades escolares.

Se olharmos para a saúde veremos que há uma fragilidade, nos atendimentos, que há uma fila interminável, que faltam remédios nos Ambulatórios Médicos de especialidades - AMES quando não demoram muito tempo pra receber os remédios e atendimentos ficando os pacientes com risco de morrer na espera.

Mas concentrando a minha crítica ao processo educacional, observo colegas que mantém um olhar de medo em relação a paralisação, ao protesto da categoria.Uma parte sente-se como donas de meios de produção portanto são classes diferentes daquela que estudam na escola pública, outros o medo só é explicável pelo processo catequético religioso. Ou seja não pode ir contra aquilos que eles não entendem e vêem o Estado como se fosse um Absolutismo em que o governador assim como outros cargos são coisas sagradas, parece que estão lendo o filósofo  Jacques Boussuet. E é dessa forma que o medo surge. E cabe aprofundarmos nesta questão. E aí cabe o senso de humildade, mas não como virtude, e essa não pode ser adquirida ou cultivada, não podemos pegar a nossa vaidade e vestir a roupa da humildade. Precisamos sim respeitar o medo, entende-la e saber que esse medo é um perigo e não deve ser acumulada e não pode ser cultivado. Desvincular-se do medo é coisa de psicólogo. O medo habita fora e dentro de nós. Esse denota o sério perigo, por exemplo o perigo de perder o emprego, o perigo de não conseguir pagar as dívidas que poderão acumular, o perigo de não aposentar-se, o medo do desconforto e o medo da dor. Talvez para a dor física é fácil de encontrar uma solução para a dor da mente não sei não. O medroso não vai parar na greve vai ficar constrangido com a paralisação.

E assim vejo que nós seres humanos a cada dia aproxima-se da deterioração humana em todos os níveis graças ao medo. E lembro que foi do medo do desconhecido que o ser humano se refugiou nas religiões. E todos os grandes pensadores religiosos sabem que há necessidade de uma revolução de Consciências e a saída e repetir o Ghita do Upanishads, que falou num sonho a Raul Seixas.

Pra falar disto obviamente é preciso lembrar a letra da musica, Ghita é aquilo que se come, que se cospe, é a cor do luar, coisa da vida é o medo dos fracos o blefe dos jogadores e a cegueira da visão. Ou seja sabe onde é preciso mudanças, há uma  resistência como medo.É como o sangue no olhar do vampiro. Mas ele não toma e prefere adormecer, morrer, adiar a vida. Sem esquecer que não somos vampiros e a nossa vida vai até o final de nossa respiração depois disto somente os espíritas é quem vai cuidar de tudo.

Enquanto isto aos que  apegam-se a oração, e ficam mergulhados na mecânica rotineira, em que não se deve reivindicar pela via da greve. Mas parar é comungar a ideia que somos servidores do Estado e necessitamos de uma melhor condição de vida de trabalho e, pensar numa escola flexibilizada capaz de romper com o imobilismos das burocracias e fazer cumprir com galhardia, com heroísmo o nosso dever de possibilitar os"Direitos constitucionais de pais e alunos" de forma consciente e respeitosa. Isto não significa que teremos o céu numa escola. Mas o Céu pode ser um símbolo e buscar investigar a vida e estar assim todos em plena comunhão na existência social.



Manoel Messias Pereira


poeta, cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto -SP. Brasil



Comentários





Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

poesia - O mito em desenho - Manoel Messias Pereira

  O mito em desenho Desenhar um território é preciso observar os valores humanos pois cada um é um observatório pleno, bocas, língua, de olhos e  ouvidos juntamente com segredos e dedos vivendo todos os santos sentidos as vezes desflorados outras vezes emurchecidos alimentando a alma e o espirito consciente e consentido. Manoel Messias Pereira poeta São José do Rio Preto -SP. Brasil

Artigo - Povos Indígenas, memória e respeito - Manoel Messias Pereira

  Povos Indígenas, memória e respeito Eu ao longo do tempo, passei a organizar, o meu olhar sobre a realidade do meu Brasil. E observei que sou descendente dos povos africanos, que foram trazidos para cá, pelos invasores europeus e para trabalhar. Vieram os meus ancestrais como peças, galinhas, semoventes, para trabalhar e dar o suor de seus rostos num país que iniciava o sistema capitalista com o processo escravocrata, num contexto marginal em que havia atrocidades, violências impregnadas, por seres humanos de herança cultural europeia. E nesta terra, que os nativos sempre foram povos indígenas, cuja a data do dia 19 de abril é para lembrar disto, é para celebrar isto e para denunciar o que entendemos ser trágico, ser errado, mas essa denuncia não pode ser vazia, e sim concreta e com determinações de militâncias políticas. Na rede social, vi ontem dia 18 de abril de 2022, uma gravação de uma mulher indígena que reclamava dos garimpeiros, que invadiam suas terras usavam de hostilidades

Crônica - Dia da Mulher Moçambicana em luta e em luto - Manoel Messias Pereira

  Dia  da Mulher Moçambicana em luta e em luto. Hoje é o dia da Mulher moçambicana, uma data que remete a morte da jovem Josina Machel, falecida em 7 de abril de 1971, em Dar es Salaam na Tanzânia, acometida por uma enfermidade no fígado. Ela que nascera em 10 de agosto de 1954 em Inhambane- Moçambique com o nome de Josina Abiatha Muthemba, foi guerrilheira, ativista politica, feminista que lutou na Frente de Libertação pela Independência de Moçambique - Frelimo, tendo destacado -a como uma grande heroína, moça estudiosa e disciplinada que tens neste dia a celebração politica do "Dia Nacional da Mulher Moçambicana". Em Mueda, monumento a Jovina Machel E a sua história começa a ser desenhada quando ainda muito jovem com apenas 18 anos sai de Moçambique para seguir para a Tanzânia onde encontrariam com os camaradas da Frelimo, e assim começava a sua luta. Ela foi apoiada pela família, que em 1956 havia saído de Inhambane e se mudado para Lourenço Marques, para que ela pudesse f