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Crônica - Os olhares da Diversidade - Manoel Messias Pereira

 




Os olhares da Diversidade

A nossa vida é assim um conjunto de aprendizados que vamos construindo, com o nosso olhar, com o nosso tato, com a nossa percepção de mundo. E nós  enquanto criança temos um mundo tamanho de nossa casa, de nosso bairro, de nossas relações familiares e de amigos. Ampliamos isto com a ida a escola, e depois com o trabalho. Aprendemos a ler escrever, e a comunicar-se. Parece uma tarefa fácil, mas não é e sim parte de uma construção do conhecimento.

Os fatos históricos de nossas vidas são importantes quando transformam as nossas vidas, seja ela em casa, na rua, no ambiente escolar ou ciosa assim. No ambiente escolar adquirimos um conjunto de valores de certezas e incertezas, pois a escola é fruto da construção do aprendizado ao conhecimento. Ou seja para que serve uma escola em que você não aprende e não agrega o conhecimentos. E esses devem ter o rigor científico alicerçados num método, com todos os objetos de estudos e objetivos. E esses objetivos precisa ser a formação cultural, social , intelectual de mundo dos seres humanos.

Uma das coisas que sempre procurei fazer foi olhar bem para minha família e para todos as pessoas que convivo, assim com aqueles que eu venha a conhecer e saber de suas origens e ancestralidade. Cada um de nós somos portadores de valores, que vem desta cultura familiar. Cada um de nós trazemos um pouco deste nicho que será estudados pelo vistos pelos antropólogos, estabelecendo o ritmo, o culto a alimentação, a forma de pensar a religião, a educação familiar. Coisas que cada um de nós trazemos na nossa formação.

E observo pessoas que tens valores e costumes diferentes e que convive na mesma cidade, no mesmo bairro no mesmo país. E as vezes se cruzam troca olhares, as vezes de confianças outras vezes de desconfianças, uns com respeitos outros com desrespeitos. São formas de vidas que compõe oque chamamos de diversidade.

Uma coisa que sempre notei são as perguntas que caia nos vestibulares e que os alunos as vezes precisam pensar, refletir e concluir com os seus conhecimentos  alguns bancários quando tratamos do aprendizagem escolar, em que juntamos informações para que possamos processá-los e depois apurá-los, para incorporá-los a nossa vida. Outros conhecimentos são aqueles que ao longo da vida aprendemos em casa com o nosso senso e o nosso olhar atento a realidade. Hoje também podemos ter como ajuda os meios de comunicação. Que alias se não informar corretamente e com um fundo científico, deixa de cumprir a sua missão de bom comunicador.

Recordo que na Universidade Federal de Minas Gerais num de seus vestibulares  havia um exercício que foi a apud, Portilla, retirado d livro de Miguel Leon; Vision de los vencidos. E texto chamava-se Canto triste:

E tudo isto sucedeu conosco.
Nós os conquistadores vimos,
Nós ficamos perplexos.
Com este triste e deplorável destino
Nós sentimos angustiados.

Pelos caminhos jazem flechas partidas,
Os cabelos espalhados
As casas estão destelhadas,
Seus muros avermelhados.

Germens se espalham por suas ruas e prças
E as paredes estão salpicadas de miolos
Ás aguas estão rubras, tintas (de sangue)

E quando bebemos
É como se bebêssemos água salgada.

--- Nós puseram preços.
Peço de jovem, de sacerdote,
De criança e de donzela.

Basta um preço de um pobre
Era um punhado de milho,
Somente dez tortas de insetos
Vinte tortas de grama salgada
Este era o preço.

Ouro, jade, ricas mantas,
Plumas de quetzal;
Tudo isso é preciso
Nada foi levado em conta.

---Chorai, amigos meus,
Compreendei que com estes fatos
Perdemos a Nação Mexicati
A água azedou, se azedou a comida.
Isto é que nos fez Tltelolco,
O doador da vida.

E este texto representa um relato feito pelo indígena sobre um dos momentos da colonização espanhola no continente americano.

E este relato, e essa construção estamos aqui lembrando o fato histórico que em 7 de julho de 1520, foi que os conquistadores espanhóis derrotavam os asteca na Batalha de otumba, uma das mais sangrentas aos povos indígenas.

E com isso voltamos a universidade o que ela precisava saber e disto que serve o vestibular e entender até que ponto esse aluno percebe o tem o conhecimento para identificar e expor-se no contexto da prova. a universidade pediu para a) Identificar a etapa da colonização espanhola na América a qual se refere esse texto e b) descrever  a forma de relacionamento entre os espanhóis e os povos no momento descrito.

E o que o aluno deveria escrever ou refletir, primeiro a ideia de colonização com catequização, observar a mineração indígena, a questão agrícola, e a exploração e o confronto com o indígena. Foi assim que ele passa a ter a noção de que foi um assalto seguido de morte essa colonização. Ou seja o que o colonizador ensinou aos nativos foi o crime. Ou seja a exploração e o confronto e isto no início da colonização. E neste contexto tivemos o estranhamento entre espanhóis e indígenas. e as mortes brutais dos povos indígenas.

E é neste contexto que vivemos na América, que quando conheço uma pessoa, olho para ela com confiança ou desconfiança, com respeito ou desrespeito, são valores que nasceram desta diversidade, todos trazem no seu sangue no seu currículo ancestral  a sua capivara do jargão policial, se és dependente de colonizador já tenho uma leve visão de mundo sobre ele e sua cultura, se é descendente de indígena, já tenho outra leve concepção dele é de tristeza as vezes de penas, pois os colonizadores foram os dizimadores, assassinos de suas ancestralidades e consequentemente eles carregam essa dor, que as vezes vai para o túmulo. Se és descendentes de escravizados negros, tenho outros sentimentos. Porém não exponho e como ninguém deve expor deve apenas ter os olhares, que precisam serem encontrados de forma respeitadoras, compartilhados cada qual na sua humanidade e a busca de paz. Mas entendendo que o conflito e inerente a toda a história particular de todos os seres que aqui convive. Nesta América, que no Brasil faz -se o anagrama com Iracema, pelo que li na quinta serie no antigo ginasial, conforme vimos ela seria a virgem, selvagem dos lábios de mel estuprada e entregue na submissão acultura europeia. É deixo cada um pensar e depois se quiser discutimos.

Manoel Messias Pereira
professor de história e cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil
São José do Rio Preto -SP./Uberaba-MG


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