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Crônica - Ernestina Silá :presente - Manoel Messias Pereira

 







Ernestina Silá - presente

O dia 30 de janeiro de 1973, com apenas 30 anos foi assassinada Ernestina Silá, ou a Titina Silá, foi quando o rio Farim se cobriu de vermelho do sangue desta grande heroína guineense.

Lembrar de Ernestina Silá é lembrar da grande importância da luta dela e de outras tantas mulheres, que lutaram pela libertação e o processo de Independência de Guiné Bissau. E neste dia ela ia exatamente, junto com outras pessoas que ela comandava até a cerimônia e sepultamento do camarada Amílcar Cabral que havia sido assassinado numa semana antes, no atentado feito por Ioda Nagbogna conhecido por Batia, um agente infiltrado pelas autoridades portuguesas, que desejava o fim do PAIGC assim como a morte dos principais lideres. Caso esse confirmado por outro detido como Lansana Bang, que declarou ainda que os imperialistas tinham um plano de agressão que inclusive ia além da Republica da Guiné.  Com pessoas  pessoas infiltradas em todos os movimentos de libertação como PAICG, a FRELIMO e o MPLA, todos essas organizações que mantinham um viés ideológico na época marxista leninista. O que hoje já deixaram de ter, embriagado pelo sistema do capital.

É sempre oportuno refletir sobre o papel da mulher nestas lutas, em que além de Titina temos também Carmem Pereira, Teodora Gomes e outras mais de noventa mulheres que lutaram bravamente. e que hoje são lembradas pelos coletivos de mulheres plenamente constituídos naquele país.

Titina Silá, aderiu ao Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde -PAIGC aos 18 anos, em 1963 ela esteve na União Soviética, local em que fez estágio, treinamento e formação política, portanto era um quadro qualificado do PAIGC. Retornou à Guiné Bissau e fez treinamento com outras 95 mulheres, detalhando quais eram as razões da luta, e porque deveria combater contra a dominação portuguesa.

Titina revelou-se uma guerreira, revolucionária, combatente, lembrada ao lado de Amílcar Cabral e Domingos Ramos como figura que é o expoente diferencial do processo da Independência guinense.

E faleceu numa emboscada dos militares portugueses, no rio Farim quando dirigia-se a Guiné-Conacri, por ocasião do velório do herói o pedagogo Amílcar Cabral. Quando o rio cobriu -se de vermelho. O vermelho do perigo. Permitindo aqui acreditar num vermelho de uma Guine com amor, de energia boa. E quem sabe uma Guiné de homens e mulheres corajosos.

E assim está sepultada no memorial aos Heróis da Pátria, junto ao Mausoléu Amílcar Cabral no interior do Fort São José de Amura no centro de Bissau.

Em 2003 nos trinta anos de sua morte, ficou instituído o dia da Heroína, o dia da Mulher Guinense, é um feriado não oficial, porém se uma mulher não for trabalhar neste dia não deve ser descontado.

As mulheres guinenses os nossos mais respeitosos cumprimentos, pois sabemos que a luta que foi travada pelo processo de libertação foi a expressão do vigor cultural do povo, da sua identidade e da sua dignidade. É bom ter hoje que os ideais de Titina Silá, que chama-se Ernestina Silá, seja plenamente lembrada e que Paz, a soberania e o respeito coletivo a todos os guinense possa ser de fato e de direito plenamente estabelecido.


Manoel Messias Pereira
professor de história, poeta
Membro da academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto - SP. Brasil



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