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Crônica - As pessoas que caminham ao meu lado - Manoel Messias Pereira

 


As pessoas que caminham ao meu lado


Hoje observo as pessoas que caminham ao meu lado, que buscam com o olhar a distancia dos horizontes. Dos nossos sonhos concretos perdidos nas esperanças, Na interação da nossa comunicação nem sempre tão clemente. Essas pessoas clamam por justiças, nem sempre rezam, mas creem na vida, diante destes monstros poderosos, que mantém os poderes políticos, quem mantem a justiça, a polícia, a repressão cotidiana, aos trabalhadores eu saem as ruas, que pedem melhores salários, que quer uma jornada de trabalho não estafantes, que desejam um seguro social cabível, para um dia em que as forças que vendemos não mais ser possível vender.

Essas pessoas que caminham ao meu lado gosta de cantar, gostar de beber cervejas, gostam de pescar, gostar de namorar e a viver, trabalham para os aristocratas, para a burguesia, para o Estado desta elite. Ou melhor trabalham só não, dão tudo de si, a força de seu trabalho, parte de suas vidas. E são devidamente explorados por seus patrões. E em trocam recebem salários que sempre falta no final do mês. É triste.

A tristeza, não põe pão na mesa. O que necessitam é o dinheiro, que cada dia que passa está mais curto no orçamento doméstico. E daí o pão nosso de cada dia vai encarecendo, a cada mordida, e vai deixando um fio de lágrima no rosto da gente. Viver é bom. Mas viver num pleno exercício pra sobrevivência de cada dia, numa busca de um respeito imenso. É bom mais é triste.

As pessoas que trago ao meu lado, são pessoas respeitáveis que chamo de camaradas. E sempre sentamos nas mesas de discussões, pra falar da vida. Da necessidade de lutar por uma vida melhor no campo e na cidade. No campo temos que pensar na necessidade de todos trabalhar, para que o país torne um celeiro, que essas pessoas que trabalham no campo possam ter o financiamento, possa ter sementes, possam ter colheitas, celeiros. Que possamos encher as mesas de boas comidas, verduras e legumes sem agrotóxico, que possamos ter crias pecuárias sem hormônios. E que as canções que reveste o campo de harmonia possa trazia a alegria da produção. E assim como na cidade precisamos acreditar neste homem que erguem as paredes, que cimenta o solo, que correm com suas motocicletas e carros, que fazem entregas de mercadorias como alimentos, verduras, flores para os namorados, e provavelmente olhares. As pessoas que andam pela cidade olham para as paredes, para os letreiros, para as luminárias, como quem sonham de olhos abertos.

Cada ser humano que conheço creem que a vida é de respeito pleno, é pra ser respeitada a mulher não como santa, mas como ser humano, como amiga, como companheira, como irmã, como mãe, como ser importante. Pois toda a mulher é nossa camarada. São elas que acolhem -nos, nos braços, quando estamos tensos, perdidos pelos caminhos da existência resistindo aos vento frios dos sul, são elas que nos fazem bobos apaixonados, distribuindo flores e chocolates em cada final de semana. Mas as mulheres são lutadoras, na qual muitas delas sofrem com a violência doméstica, sofrem com os assédios, sofrem ao reclamar destes assédios, pois não há autoridades capazes de ouvi-las, e quando há perdem-se na distancia de existência da real, concreta e a ilusão da lei, fria e esquecida nos livros.

Creio na existência real, de cada ser humano. De cada negro, que trouxe a ternura de sua cultura, através dos tempos, que teve antepassados, que atravessou o oceano, e com ele veio a luta da capoeira, veio os batuques, os ritmos, veio o afoxé, veio o candomblés, a comida apimentada, as guias, os orixás, e todos os elementos que a natureza traz, no sonho da existência. No balanço do vento de Iansã, na chuva de Oxun, no verde de Oxóssi e nas curas leveduras de Ossain. E nas duras palavras de Exu, dono das ruas e das encruzilhadas em que negociamos a vida e os destinos que partilhamos como um Ogun sendo o dono da terra, mas que gostam de cerveja, bebe e fuma. E assim como os camaradas de muitas células.

Mas é assim mesmo a vida um plena jornada de sonhos. De necessidades, de lutas, de enfrentamentos, de respeito pela natureza. E enfretamento a quem diz-se sem partido, mas parte tudo pelo mercado. Exploração de ser humano por outro, de Estado por Estado enfim a vida é uma continuidade de caminhos, em que pedimos licença pra caminhar e vamos nos, encontramos como senhores, compadres, comadres, pombo jour, e pombas giras, que riem, que choram, que revivem suas histórias, doces místicas, mágicas, esplendidas, como se tudo fosse apenas uma lenda. Saída dos olhares das pessoas que caminham ao meu lado. medindo a distância dos horizontes. De nossos sonhos concretos perdidos na esperança, na interação de nossa comunicação nem sempre clemente.

Manoel Messias Pereira

poeta, cronista e professor de história

Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB

São José do Rio Preto






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