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Artigo - Acolhimento e compromisso com as crianças - Manoel Messias Pereira

 


Acolhimento e compromisso com as crianças


Ontem li um texto que tratava de um projeto que ocorreu na Alemanha, e que durante 30 anos marcaram de forma negativa a vida de muitas pessoas, de muitas crianças. Um fato que deixou-me muito triste por esse fato ter ocorrido, por ter sido professor atuante em sala de aula, em ter participado de vários congressos educacionais, por ter apresentado e assistidos muitos trabalhos educacionais sendo expostos e debatidos e por não ter tido ninguém falando sobre aquele tal Projeto Kentler.

Sou como ser humano e como educador que defende que todos possam ter um padrão de vida que assegure saúde e bem estar, inclusive à família . E isto é um postulado da declaração universal dos Direitos Humanos. E neste bem estar deve ser incluído a alimentação, o vestuário, habitação , cuidados médicos, os serviços sociais indispensáveis e o direito a segurança e em caso de desemprego, doença, invalidez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistências em circunstancias fora do controle.

E é neste contexto que acredito é que a maternidade e a infância tem direito a cuidados e assistência especial. Toda criança nascida dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção. E neste ponto que observo que há crianças orfãs, que não recebe todo esse arcabouço de proteção que é necessário para o seu desenvolvimento com a devida presteza que o Estado precisa oferecer.

E por pensar assim sei da minha responsabilidade, sendo um dos milhões de amigos da criança pela Unicef no mundo. E pensando na criança orfã, sempre tenho a mente os versos  do poeta português Guerra Junqueiro que disse assim:

"Ser órfão! Não ter a vida

aquilo que todos têm!

É como a ave sem ninho. . .

É qual a semente perdida

que, ao voltar do seu eirado,

o lavrador descuidado

deixou tombar no caminho."

Porém esse verso é tão importante quanto todas as obras que trata da educação, e consta no livro do jurista e professor de direito João Batista Herkenhoff.

Porém tendo essa visão eu só poderia ficar triste quando descubro que o Projeto Kentler, era um programa experimental liderado por Helmut Kentler, aprovado e amparado pelo governo da Alemanha ocidental ou seja capitalista, que colocava as crianças sem abrigo aos cuidados de pedófilos, que passavam a ser seus pais adotivos.

E esse psicólogo  nojento dizia que o contato entre adultos e crianças era inofensivo e o programa esteve ativo desde 1970 até o início deste século. E somente em 2017 que um artigo foi publicado  num jornal alemão. E um rapaz que foi abusado na sua infância, viu bem a foto e identificou o seu abusador, no retrato de Helmut Kentler. 

E esse professor, psicólogo e sexólogo que era tido como um reputado psicólogo, era na verdade um tarado. E o artigo segundo o jornal tratava desta figura com uns dos sexólogo mais influente da Alemanha e o garoto agora adulto sentiu repulsa ao ver aquele rosto. E lembrou que por décadas esteve sob a guarda daquele monstro. E a história é agora recuperada pela revista New Yorker.

E é preciso entender que esse programa foi financiado pelo governo da Alemanha e, em 1988 Kentler apresentou um relatório ao Senado em que descrevia o projeto com grande êxito. O menino que fora estuprado na sua infância achava toda aquela violência era uma normalidade.

E entre os alegados pedófilos estava a sociedade como membro do Instituto estava Max Planck, que foi professor da Universidade Livre de Berlim e do famoso colégio O Demwald.

O caso no entanto só começou a ser investigado quando várias vitimas começaram a contar essa história. Desde então a Universidade de Hildesheim tem investigados arquivos e conduzindo a entrevistas jovens que integraram o programa experimental.

E entre a conclusão foi identificada uma rede entre instituições de educação, estrutura de assistências sociais e o próprio governo alemão e de acordo com os investigadores, os pedófilos eram aceitos e aprovados e defendidos de forma estatal.

Helmut Kentler de forma a monitorar os resultados de suas experiências pseudos-sociais porém doentias contratavam e regulamentavam para essas crianças e esses chamados pais adotivos. Pois bem o sexólogo alemão faleceu em 2008 e na sua ficha não há crime alguns e não respondeu por nenhum desvio.

Diante disto vejo com muita preocupação organismos estranhos que acopla ao poder político, que não é fiscalizado por órgãos alguns. E por isso defendo e  tem haver participação da sociedade civil organizada para que isso não ocorra.

No  Brasil temos uma legislação que protege as crianças, temos o ECA, Estatuto de Criança e Adolescentes,  temos em cada cidade a organização de um Conselho da Criança e do Adolescente organizado pelo Estado e pela sociedade Civil e para operar e fiscalizar temos pagos os Conselhos Tutelares, que talvez ampare mais nossas crianças.

Assim sendo temos uma maior segurança, e o professor pode sempre contar com os nossos organismos, que está sempre ativo para que seja cumprida a  Constituição do País relativa a infância e adolescente assim como nos auxiliar no momento preciso.

A educação é para se construir saberes, e isto é preciso discutir para que erros como não aconteça como noutro país, precisamos ter uma reflexão conclusiva para a construção de uma humanidade de uma imensa multiplicidade de culturas, numa busca de desenvolvimento sem desnaturalizar e para que todos possam viver ou sobreviver. E assim entender que tortura, racismo, são intoleráveis, atenta contra a dignidade humana. Sabemos que aqui há um empenho maior para que o Direito Internacional dos Direitos Humanos, seja balizador de todas as ações. Embora há deslizes graves e autoridades se fingindo de mortos.

E concluímos entendendo o poema de Guerra Junkeiro e acreditando que à todos os meninos e meninas, crianças ou adolescentes órfão, abandonados ou esquecidos precisamos acolher, lembrar numa ética com respeito e humanismo.


Manoel Messias Pereira

professor, poeta, cronista

São José do Rio Preto- SP. Brasil



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