Angola celebra o dia da Paz
Hoje 4 de abril A República de Angola,desde 11 de novembro de 1975 Independente, comemora "O dia da Paz". Um dia que em que no ano de 2002, o governo de Angola assinou com as forças Armadas da Unita - União Nacional pela Independência Total de Angola. Com bases pacificas, quando todas as forças militares entenderam que já não tinham mas sentido continuar a guerra civil que travava o progresso de Angola. Este foi o chamado Entendimento Complementar ao protocolo de Lusaka entre o Governo Angolano e a Unita. Porém cabe aqui detalhar as informações, para um melhor didatismo.
A história de Angola mostra-se, que foi um território formado por grupos bantus que ocuparam a região no primeiro milênio da era cristã e cabe destacar o reino do Congo, que inclui parte da atual Angola. E território esse que passou a ser colonia deste a chegada de Diogo Cão em 1482 pela foz do Rio Congo, na qual os portugueses funda cidades para o comércio de seres que serão escravizados. E é preciso explicar e expor desta forma para que possam entender que a divisão do território africano foi desenhada e feita segundo os critérios dos países europeus, o seu contexto imperialista político e econômico, e neo-colonial. O que permitiu Angola ser colonia de Portugal por muito tempo. Até que em 1961 surgiram vários grupos todos desejando a independência, e pondo fim a anos de submissão à Portugal. E com isto três são os grupos que surgem o 1) MPLA-Movimento Popular de Libertação de Angola, de ideologia marxista-leninista e que teve apoio da ex- URSS e de Cuba; o 2) FNLA - A Frente Nacional para a Libertação de Angola, sustentada pelos estados Unidos da América e que teve apoio de Mobuto Sesse Seko da República Democrática do Congo antigo Zaire, 3) A UNITA União Nacional para Independência Toral de Angola, que de princípio mostra-se uma relação com a China, portanto acreditava-se que teria uma tendência maoista, porém depois avança-se e tens apoio dos Estados Unidos, da Inglaterra e por fim da África do Sul que vivia o apartheid.
E vale destacar que nesta época vivia o mundo a chamada Guerra Fria, e todas essas relações estava fincada neste tabuleiro, com este contexto, envolvendo URSS e EUA. Para melhor explicar o capitalismo versus o Socialismo. E assim podemos lembrar que em 1974 o regime de Salazar termina, e em janeiro de 1975 houve o chamado Acordo de Alvor que não avançou foi um fracasso, entre Portugal e os três grupos que lutava pela Independência. E tem inicio a Guerra Civil e neste contexto é que o médico Agostinho neto é declarado e proclamado unilateralmente presidente da República Popular de Angola como eu conheci, ele líder do MPLA, com um regime de tendência socialista. Porém acometido de uma grave doença ele vem a falecer em setembro de 1979 sendo nesta oportunidade assume o engenheiro e ministro do planejamento José Eduardo dos Santos. que também assume a presidência do MPLA e também do Comitê Central do Partido.
O FNLA dissolve-se no final dos anos 1970, mas a Unita continua e a guerra civil também. Forças cubana e soviética dão apoio ao governo. Enquanto que a Unita e vi o general Gato, falando sobre isso buscava apoio nos estados unidos da América no período do presidente Ronald Regan. E desejava que Cuba asísse de Angola esse país que ajudou e muito no processo de Independência contra os Portugueses. Porém um acordo feito em 1988, entre Angola, Cuba e África do Sul, permite a retirada das tropas cubanas e sul africanas. E em seguida o governo assina com a Unita em 1992 o Acordo de Paz e convoca as eleições para 1992. O que se vê é a vitória de José Eduardo dos Santos inclusive com os observadores internacionais atestando essa vitória e a Unita não aceitando. O MPLA teve 49,57% dos votos enquanto que a Unita teve 40%. E assim há o recomeço da guerra. Com isto em 1994 agora em Lusaka, na Zâmbia, novamente o governo assina um acordo de Paz, e com o resultado em 1997 o governo assumiria tendo Jonas Savimbi como vice-presidente. Porém há uma recusa por parte dele. E porque isso porque parte das áreas em que haviam diamantes, e parte de fronteiras eram dominadas pela Unita. E a Unita tinha relações com a África do Sul que tinha relações com o mundo imperialista e mantinha o apartheid a todo o vapor.
Portanto o que se percebe-se é que depois da Independência de Angola, a guerra civil, que tanto prejuízo trouxe a população, já não era uma guerra entre os angolanos mas de fato as forças exterior, havia interesses entre o Leste pensando-se em ex- União Soviética e interesses do Oeste pensando nos Estados Unidos da América. E com o alastramento todo ideológico. A guerra fria esquentou-se. E por isso que quando da visita à São José do Rio Preto do camarada Jones Manoel na Unesp/Ibilce, para quem não sabe é um professor e escritor que escreveu um livro sobre a história das revoluções africanas, eu fiz a pergunta sobre Unita, Savimbi e as relações politicas que ele tinha no exterior em relação ao seu seu país? E ele deu a resposta possível naquele momento sem aprofundar, nas ideologias.
Portanto podemos observar que em 1991 a Unita teve o acordo com o MPLA de Bicesseno conselho de Cascais na região de Lisboa. Porém em 1992 José Eduardo vence as eleições, mas a Unita não aceita. Neste contexto há um ataque do governo em outubro de 1992 contra a Unita e FNLA, apesar que dizem que o FNLA havia dissolvido eles mantinham armas, dai o chamado Massacre do halloween. e por fim o Protocolo de Lusaka, de 1994. E a Unita continua a guerra-civil até que Savimbi morre em combate em 22 de fevereiro de 2002.
A morte de Savimbi creio ajudou a concluir a assinatura do Acordo de paz em 4 de abril de 2002. e com isso tivemos o Entendimento complementar ao protocolo de Lusaka entre governo angolano e Unita. documento assinado pelo chefe do Estado maior General das forças Armadas Angolana o seu Armando da Cruz Neto e o o responsável pelo alto comando das forças militar da Unita Geraldo Abreu Muendo . E esse acordo de paz mudou-se o curso da História da republica de Angola.
Depois de todos os obstáculos obviamente que o caminho é da paz, porém é bom ouvir o que dizem os intelectuais os artistas do lugar. e assim o rapper MCK afirma "o país se preocupou em crescer quantitativo e não qualitativo não foi direcionado aos seres humanos, que acabaram marginalizados". "E a grande vantagem é que a população parou de morrer".
Já o economista relata que hoje temos estradas e que o angolano já circula sem grandes dificuldades, há aquelas construídas e aquelas reconstruídas. E José do patrocínio da organização não governamental, disse que " não considera que estamos em paz, estamos com as armas caladas" A Paz é frágil". e preciso um processo de pacificação,de reunificação. Houve um crescimento econômico e um a enorme pobreza. Porém Noberto Garcia um cidadão angolano vê uma alusão ao fim do analfabetismo.
Porém sabemos que a guerra civil foi realmente destruidora e segundo os dados do ACNUR o Alto Comissariando das Nações Unidaspara refugiados, mais de seiscentos mil pessoas refugiaram-se no estrangeiro e cerca de 4 quatro milhões de pessoas dispersaram-se pelas regiões do próprio país. e portanto umterço da população procuraram refugio fora do país.
Com todos esses dados posso concluir que a reclamação feita pelo rapper é muito pertinente. Mas observamos que a orientação política deixou de ser marxista-leninista, para ser neo-liberal, portanto há um olhar mais aprofundado em proteger a classe dominante de cunho liberal e um olhar se der a massa da população. Por isto a ideia de que é preciso crescer o capital que o próprio capital promove mais emprego, mais processo de empreendedorismo, mostra-se falho. O capitalismo é bom para o capitalista, mas péssimo negocio para quem só é trabalhador, pois é o sistema que promove a desigualdade social e econômica. E o resultado é esse que estamos aqui submetidos aos reclamos do rapper MCK. Quanto as rodovias óbvio que o processo de paz era preciso até porque para o mercado é preciso ter o escoamento da produção e Angola é um dos países mais de maior riqueza na África Central. Quando José do patrocínio cita as armas caladas e que há uma fragilidade desta paz. A impressão que temos é que o acordo foi construído numa base de cristal. E que precisa realmente desenvolver a pacificação dos espíritos, mas um passo dado foi todos entregaras armas, e todos mudar a mentalidade. Por que antes era difícil, pois quando Jonas Savimbi procurava fazer negócios ate de armamento com os Estados Unidos, esse material bélico seria usado contra os próprios angolanos e nisto o governo foi sábio em não permitir. Quando ele acreditava que estava fazendo um bem criando bases no mundo inteiro, era a busca de países que tinha os interesses na riqueza local, que de certa forma essa riqueza não ia servir para o povo, e as bases do pensamento liberal foi plantado lá e o povo na sua grande maioria ainda sofre de certo descaso e até há reclamos gravados em internet. E vale ressaltar que quando o FNLA, buscava apoio de Mobuto, lembro que ele foi posto no comando do país dele, como testa de ferro, da Bélgica e dos Estados Unidos, quando o presidente Patrice Lumumba na Republica Democrática do Congo via a necessidade de questionar tantas empresas estrangeiras e o país tendo pouco dividendo o que ocorreu resolveram sequestrar e matá-lo. O que foi péssimo. Já em Angola o governo detectou que havia um perigo e como Estado percebeu e controlou. Quando Noberto fala da educação ela é fundamental para a compreensão de toda a situação, mas precisamos ter uma educação que seja libertaria e emancipadora, educacional, cultural e socialmente. E que a paz seja o olhar no espelho da consciência e todos se verem formosos.
Manoel Messias Pereira
professor de história, cronista
Membro da academia de Letras do Brasil -ALB
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